A manhã não destoou da noite, apresentou-se fria, mas depressa o sol nos aqueceu com os seus primeiros raios. Já que a cachopa não ouviu a cantiguinha de embalar, decidimos acordá-la todos juntos. De tenda enfeitada com balões que mais tarde decoraram a sua mochila, eis novamente a banda sonora do dia: Parabéns a você, nesta data querida... e a bébé deu um ar da sua graça!
Por volta das 9 horas abandonamos o descampado em direcção à Albufeira da Paradela. Nós a ferver água e lá em baixo todo aquele azul que inundava os nossos olhos...
Subir os carris foi ideia posta de lado. Como o objectivo era termos dormido lá e uma vez que tal não aconteceu, penso que o nosso guia não nos quis matar logo pela manhã com tamanha subida para depois descermos tudo outra vez. Mas a vista lá de cima vale bem a pena, é fantástica!!!
Assim sendo, após consultas aos mapas e com a ajuda da bússula, decidiu-se procurar o estradão que nos levaria até Outeiro. E esta procura não foi fácil... parecia que o dito tinha desaparecido! O sol queimava cada vez mais, sem dó nem piedade e sob o azul brilhante do céu, lá continuamos a nossa jornada.
A água, esse tesouro cada vez mais raro, deixava-nos preocupados de novo. A água fervida não sabia nada bem mas era a que restava! E por onde devia passar água, continuavamos a ver secura... e lá longe a albufeira. No meio da discussão sobre se deveríamos beber várias vezes pequenas quantidades ou pelo contrário, menos vezes mas em maior quantidade, o Acácio só sonhava com o banho!
Finalmente o estradão! E andar tornou-se agora mais fácil.
Foi debaixo de uma sombra convidativa que paramos para almoçar. Havia mais cansaço que fome, pareceu-me, e por isso durante algum tempo ali ficamos simplesmente a apreciar o fresco e a natureza. Eis que de repente, bem à nossa frente, surge uma matilha de cães (devo dizer-vos que engoli em seco) com um aspecto bem pior que o nosso! Mas contrariamente ao que eu pensei, não nos fizeram mal absolutamente nenhum. Vinham apenas atrás da sombra, tal como nós tínhamos feito. Logo a seguir surge o rebanho de cabras e o pastor. Meu Deus! Nós somos doidos, tudo bem, mas este homem andava a trabalhar! Sózinho com a sua matilha, sob o sol escaldante, tinha que gerir o enorme rebanho, ali, em pleno monte, longe de tudo e no meio do nada. Mas foi ele a nossa luz! Após uma curta conversa, o Alcino traz-nos as boas novas. Estávamos sentados a poucos metros de uma fonte e o caminho a seguir ficou delineado.
Os que ainda estavam com força foram à fonte e trouxeram o néctar da vida. Ali almoçamos, já com outro ânimo, e como não há duas sem três, cantaram-se novamente os Parabéns agora com direito a bolo a ao apagar do isqueiro.
A viagem prossegue e após uma breve hesitação sobre que caminho tomar, começamos uma descida que nos foi permitindo petiscar umas amoras deliciosas e que nos levaria ao tão desejado banho. Bem, a quase todos nós, porque à custa de termos comido há pouco tempo eu não tive coragem de disfrutar das águas frescas (mais um motivo de gozo) e alguém, também por cansaço evidente, ficou a fazer-me companhia falando de solidão.
Retemperadas as forças, deparamo-nos com uma subida que fez doer a alma... extensa e íngreme, muito íngreme! E a aldeia lá ao longe...
Confesso que às vezes não sei de onde nos vêm as forças!
Mas agora a paisagem já é outra, propriedades delimitadas e bem cuidadas, sucalcos de um verde lindo e a aldeia cada vez mais perto...
(continua)
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Esta nova música - Barbie Girl dos Aqua - foi-me lembrada pela Lígia nesta caminhada. É que eu e ela somos parecidas neste aspecto: uma trauteia uma música e logo a outra acompanha. E como esta veio à baila e me trouxe boas recordações... ei-la! Xana e Sílvia, lembram-se?! No Academia, penso eu!
9 comentários:
Olá, Miúda Gira
O relato continua muito fiel. É verdade, naquela manhã não tive coragem de vos pedir um esforço suplementar. Nem a mim tão pouco. Tinha realizado uma pequena exploração matutina, enquanto sacudiam a noite do corpo e tinha concluído por alguma dureza. Sorrateiramente desisti. De facto, aquele azul que de quando em vez nos deslumbrava o olhar e retemperava as forças, encheu-nos a alma. Era um azul quase perfeito. Aquele dia foi de muito cansaço, mas ao ler o teu relato e rever as fotografias, só me apetece voltar.
Obrigado pela manta. Prometo que não volto a ter esquecimentos.
beijinhos
AS
Boas recordações desta noite.... acho que foi no Ribeirinha!
Bjks Sílvia
E qual foi a música que cantaste e dançaste sozinha, quando o Alcino e a Lígia decidiram ir ver o que estava para além do monte?!Estiveste bem!
A falar de solidão!!Pois nós a querer que fossem tirar umas fotos e vocês nada!!:)
Aquela água estava divinal....
E que subida!!:):)dá-lhe gáz!..eheheh
As amoras eram muito boas, só por isso voltava lá agora;)
Continua que estou a gostar.
P.S. Proibiram-te de colocar fotografias da caminhada?
Beijinhos Barbie!!
P/AS=> sai-se de uma e já se pensa na próxima, não é?!?!
Sabes que descobri que há uns desenhos animados que se chamam... miúda gira!!! Beijinhos
ps- parece que a Ice te fez um desafio também...
P/Sílvia=> se calhar foi mesmo no Ribeirinha... Beijinhos
P/Alex=> eu ainda me pergunto o mesmo! Sempre podes incorporar a equipa quando regressares... Beijinhos
P/Carpediem=> foi a que os meus amiguinhos pequeninos me ensinaram... sabes que o Oliveira enviou-me o vídeo?! Que figurinha a minha! Quanto às fotos, toda a gente deu o ok (quer dizer, a da Lígia foi por suposição...) Beijinhos
P/Ice=> eu já te disse que fizeste falta?!?!? Isso é mais um desafio para o Alcino, certo?!?! Beijinhos
Ena pá...escreves mesmo bem.
Até sinto o cheirinho e o gosto das amoras!...
E o banho... água deliciosa.
Que vontade de voltar!....
"Quando crescer..." vou continuar a optar pela aventura.
Espero pelas cenas do próximo capítulo.
Bjs
Tou a adorar o relato, sinto me como se tivesse ido convosco e isto apesar de nem conhecer o geres!
Beijos grandes
Sempre gostei de vêr filmes ou de lêr um livro de aventuras, mas na vida real... eu não sou nada aventureira...calôr infernal de dia frio à noite, falta de água, falta de banho, matilha de cães, subidas com mochilas pesadas às costas, acampar no meio do nada, sem saber onde estão(orientarem-se por uma bússula), etc.
Estou a adorar, mas é de estar aqui sentadinha a lêr, Essa é a minha aventura...
Muitos beijinhos pra ti por seres tão corajosa.
Estou a começar a sentir inveja dessa caminhada.
Que bela descrição do passeio...
Vamos lá a ver como acaba!!!!
Beijos com carinho...
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