Naquela manhã, Leonor acordara agitada. Há muito que esperava por uma oportunidade de emprego e esta entrevista, que o seu grande amigo de sempre – Manuel – lhe havia arranjado, não podia ter chegado em melhor hora: estava falida.
Saiu de casa apressada com apenas um copo de leite no
estômago; não queria, de maneira nenhuma, chegar atrasada e, a bem da verdade,
nem que quisesse, não tinha forma de tomar um pequeno-almoço mais nutritivo.
Foi durante a sua corrida para o metro, já bem perto da
estação, que os seus olhos se cruzaram com um envelope vermelho, perdido no
chão. Baixou-se, apanhou-o e meteu-o na mala. Foi já dentro do metro que o
examinou. Não tinha: nem remetente, nem destinatário; mas estava bem fechado, apesar
do volume. Pensou se deveria abri-lo ou não. Se por um lado achava que não o devia
abrir, porque não era para si, por outro pensava que se não o abrisse não
saberia o que fazer com ele. Resolveu abri-lo: um maço de notas de 10€,
praticamente novas, acompanhadas de um bilhete: faça bom uso dele. Contou-o: 50
notas – 500€! Será que o tinham perdido? Será que o tinham deixado cair de
propósito? Sorriu e voltou a guardá-lo.
A entrevista correra bem: tinha conseguido o emprego. Leonor
estava feliz. Ao fim de três anos e meio no desemprego voltaria à vida activa.
E com um bónus: o valor do salário era muito superior ao que estava à espera. Decidiu passar no trabalho de Manuel; queria agradecer-lhe.
Manuel ficou feliz por Leonor que sabia estar a precisar, desesperadamente, de um trabalho. Mas foi quando Leonor lhe entregou na mão um
envelope vermelho, que os seus olhos lacrimejaram. Para comprares o adaptador
de alimentação que a tua Joana tanto precisa. – disse-lhe, no meio de um abraço
apertado.
1 comentário:
Boa, continua! :)
Xana
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