quinta-feira, outubro 16, 2014

UM PEQUENO MILAGRE


Naquela manhã, Leonor acordara agitada. Há muito que esperava por uma oportunidade de emprego e esta entrevista, que o seu grande amigo de sempre – Manuel – lhe havia arranjado, não podia ter chegado em melhor hora: estava falida.

Saiu de casa apressada com apenas um copo de leite no estômago; não queria, de maneira nenhuma, chegar atrasada e, a bem da verdade, nem que quisesse, não tinha forma de tomar um pequeno-almoço mais nutritivo.

Foi durante a sua corrida para o metro, já bem perto da estação, que os seus olhos se cruzaram com um envelope vermelho, perdido no chão. Baixou-se, apanhou-o e meteu-o na mala. Foi já dentro do metro que o examinou. Não tinha: nem remetente, nem destinatário; mas estava bem fechado, apesar do volume. Pensou se deveria abri-lo ou não. Se por um lado achava que não o devia abrir, porque não era para si, por outro pensava que se não o abrisse não saberia o que fazer com ele. Resolveu abri-lo: um maço de notas de 10€, praticamente novas, acompanhadas de um bilhete: faça bom uso dele. Contou-o: 50 notas – 500€! Será que o tinham perdido? Será que o tinham deixado cair de propósito? Sorriu e voltou a guardá-lo.

A entrevista correra bem: tinha conseguido o emprego. Leonor estava feliz. Ao fim de três anos e meio no desemprego voltaria à vida activa. E com um bónus: o valor do salário era muito superior ao que estava à espera. Decidiu passar no trabalho de Manuel; queria agradecer-lhe.

Manuel ficou feliz por Leonor que sabia estar a precisar, desesperadamente, de um trabalho. Mas foi quando Leonor lhe entregou na mão um envelope vermelho, que os seus olhos lacrimejaram. Para comprares o adaptador de alimentação que a tua Joana tanto precisa. – disse-lhe, no meio de um abraço apertado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa, continua! :)
Xana